quarta-feira, 29 de julho de 2015

Accensi Fascia


Às vezes, 


A doce (e efêmera) conexão entre o passado e o futuro 


Pode ser muito mais desconfortável quanto menor é o seu intervalo.


Mais vale a estase do que o movimento. 



Nessas horas, 


Me encolho como se fora um recém-nascido, 


Retardando a dor da vida e do mundo. Movimento de fim, mais amargo do que fel

Contemplação do início, mais doce do que o léu. 



O que se leva de bom dessa vida é que a velocidade acaba, e a inércia volta. 



E os morcegos também. 









sexta-feira, 19 de junho de 2015

Amorzinha



Te encontrei aqui

Fazia tempo que te procurava

Pra dizer a verdade desde que nasci

Esse é nosso reencontro merecido nessa vida

 
Dormir para sempre no meu colo


Mirar os seus olhos

Carinhos que são só seus

Feliz ao seu lado


Espero que todos neste mundo tenham essa oportunidade

Ser amado de verdade tal como você me sente

Viveremos para sempre juntos

Em todas as vidas vamos namorar








terça-feira, 12 de maio de 2015

Carbono 14


Minha alma não cabe em mim.

Nunca coube, nem onde o meu corpo foi maior do que eu desejava. 

E cabe cada vez menos, com o decorrer dos anos; 
ele não me acompanha, não me comporta, não me encerra.

Às vezes, parece um fardo que eu tenho que carregar, 
uma espécie de paga por estar vivo.

Ah, quem dera não o tivesse !!!

Voar...


Não consigo nem imaginar o que seria poder voar... 

Correr como a própria eletricidade pelos fios...

Sumir, quando me desse na telha... E reaparecer, quando fosse preciso.

Me movimentar por tele transporte... Sem atrito.

Ah... Que vida a de ser guerreiro semideus grego num corpo de coroa quarentão.

Ânsia que não se dissipa, não se concretiza, não age, não some, não muda...

Casca que me prende, me falha, me subverte, me deturpa.

E NÃO me define.

Prisão de carne que me faz enxergar a vida por um buraco de fechadura

Pedra que encerra o fóssil da minha alma

Que só queria não pesar...

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Somos tão rock 'n' roll!

Somos tão rock n roll!
Longe dos holofotes energúmenos.
Perto dos bons!
Tão longe dos que nos sugam todos os dias
Distante dos cafonas que nos copiam
Usaram nossos símbolos e usurparam nossas bandeiras
Tornaram banal nossa ideologia
Saquearam nossa rebeldia
Os bregas vestem nossas antigas roupas
São ridículos e ganham louros imundos de mesmice
Papos Blasé!
Pseudoinformação que pune mais do que o severo final da Laranja Mecânica.
Doutrinas subservientes. Desconfiem do peixe que te oferecem!
Seus trajes da última moda putrefatos. Tão obvios quanto as vestes de presídios.
Sou limpo com minhas roupas básicas.
Longe do lixo vomitado por essa mídia fantoche.
Não tenho TV. O esgoto não entra no meu lar
Adeus" Willians" da TV. Fico com meu nome latino!
Vou amar a todos!
Enfiem vosso ódio pela guela abaixo ou se satisfaçam com ele dentro do próprio rabo!
Os povos se amam. Seus líderes semeiam discórdia. Amem! Limpem vossos corações!
O meu amor é forte e repele vosso medo e vossa opressão.
A vida é feita de ciclos e vossos mal feitos estão contabilizados!
Por que sou amado nos quatro cantos?
Tão querido pelos mais sábios ?
Plantando o amor e respeitando o próximo.
Singelo e sem amarras.
Subversivo para vocês?


terça-feira, 14 de abril de 2015

Enfim



Agora, estamos colhendo os efeitos mais nefastos de quase 50 anos de produção em massa de indivíduos que compõem uma sociedade interrompida, “cortada pela raiz”, destituída do seu poder de pensar, de “poder poder ser” (citando Cornelius Castoriadis), formada por pessoas que não possuem a propriedade de serem indeterminados, enquanto seres humanos que deveriam estar sempre em construção; pelo contrário, são cuidadosamente projetados e pensados para serem dessa forma, com o apoio da redução cada vez maior dos investimentos em sua formação (note-se o uso de formação, ao invés de Educação) e da criação de uma mídia a cada dia mais emburrecedora, acachapante e dissociativa do pensamento. 

Não há interesse político em que todos os cidadãos se formem adequadamente, no sentido filosófico da palavra. Não se forma seres pensantes no Brasil, apenas meros fazedores de provas, de concursos, ganhadores de diplomas e patentes, todos conscientes de seu papel (micro) na sociedade, mas sem conseguir visualizar nada de forma ampla, todos com antolhos, meras peças numa engrenagem, massa de manobra. Fordismo levado à risca, só que na alma. Súditos. Vassalos. Ovelhas que aquiescem com essa destituição do pensamento. O cerne da questão é a necessidade que o ser humano sente de instituir um poder limitador, castrador, repressor e, em última e principal instância, exterior a si próprio. Tal mecanismo o ajuda a lavar as mãos e poder dizer que “fez o que pode”, quando algo não deu certo e ao mesmo tempo, é um álibi perfeito para a própria inércia, isentando-o de culpa, ao mesmo tempo em que o domina.

Há algumas décadas atrás, de que adiantava a “Anistia” aos exilados políticos, que detinham a salvação (ou podiam tentar resgatar o pensamento - ou a vontade de estabelecer um debate político engajado, pelo menos) dos que aqui ficaram e se comportaram “nos conformes” da ditadura, quando esses não pensavam mais, já estavam alienados e anestesiados, querendo unicamente comemorar o fim (gradual, ainda não efetivo) da ditadura? 
O povo já tinha se acostumado com a celeuma em torno do futebol (afinal, éramos o único país a ser Tricampeão do mundo!), do carnaval e do assistencialismo de vários governos. O famoso “pão e circo”, bem como os “ópios do povo” já haviam aqui chegado, se instalado e grassam por aí até hoje. O brasileiro não funciona se não tiver um capataz. Ele tem que obedecer a alguém, e se não for à polícia, ao menos ao padre - algoz e ópio, ao mesmo tempo. Um bicho. Somos um emaranhado de minúsculas ovelhinhas, portadoras de uma Síndrome de Estocolmo galopante e retroalimentada. O “Sistema de vigilância” (Igreja – Governo – Sociedade – Lei) nos sequestra e violenta diariamente, faz parte do nosso ser, foi incorporado ao nosso pensamento e nós o amamos, não sabemos como viver sem ele. Fundamentados no ilusionismo provocado pela nossa exposição e inserção nessa estrutura, materializamo-lo como sendo um sinal de amadurecimento. A mitigação do princípio de prazer (Freud) – que, em tese, se traduz pelo afastamento sistemático da “criança interior” e de tudo que já nos deu prazer um dia, porção esta da personalidade inerente a todos nós – é ressignificada como amadurecimento.
Mas eis que a estratégia se requintou, ao longo desses anos. Decretou-se a “Liberdade de Expressão” (que aqui, foi subvertida por “Libertinagem de Expressão”), responsável pela alienação dos jovens ao longo dos anos, materializada e sistematicamente impingida à população através de fenômenos (?) como a “Jovem Guarda” (diacronicamente falando) e se refinando através das décadas, com vários outros estilos musicais (afinal, desde quando falar de amor e sexo edificou a consciência política, ou mesmo o pensamento de alguém? – por aí, pode-se ver que estilos são esses).
E esse mesmo povo, constatando a ausência do “capataz”, do “chefe”, que manda mas provê - no caso do Brasil, não provê -, recorre aos ópios – futebol e religião. Por enquanto, a concentração de ex-jogadores de futebol ainda é pouca (a maioria deles ainda não se tocou de que a política pode ser um bom passatempo, na aposentadoria – também, com o dinheiro que já ganham só por mexer com os pés, se ainda pensassem, seriam os donos do mundo, e extinguiriam o resto da raça humana!!). 
Quanto aos sacerdotes, os que melhor souberem aproveitar a “culpa cristã internalizada” e a falta de formação (cerebral, mental, identitária) do brasileiro vão abocanhar uma fatia cada vez maior das pessoas – a velocidade de crescimento de certas religiões é absolutamente espantosa, sempre em torno de fatores como: a existência de regiões de mais baixa renda, onde a vida é mais difícil; a possibilidade de isenção de imposto de renda para doações, no caso dos mais abastados; e ainda no caso destes, como possibilidade de investimento e retorno financeiro, ao se tornarem sacerdotes - , que precisam, necessitam de um “padre”, de um limitador, de um teto para o seu pensar.
Aliados a isso, há ainda outros fatores, como por exemplo: a inconfiabilidade da tradição oral associada à sua história e, consequentemente, o fato de os registros escritos utilizados para a Bíblia serem facilmente distorcíveis, a manutenção do status quo, a conservação do poder nas mãos dos mais ricos, as dificuldades da tradução, bem como o método utilizado pelos tradutores. E então... Hoje em dia encontra-se a Bíblia como um dos primeiros e o mais importante romance (na medida em que constitui uma obra de ficção, contando histórias da vida de Jesus e seus contemporâneos) da história da Humanidade.
O problema real é transformar o “padre” (querendo dizer com isso, o sacerdote, não importando de qual religião ele seja) e o “capataz”, numa única figura humana. Ele seria o próprio Deus, só que com os atributos, erros de julgamento, ideias pré-concebidas, capacidade de discriminação e atribuição de rótulos de qualquer ser humano. Isso só ficou bom, interessante, nas lendas da mitologia grega. Mas vivemos na realidade e, definitivamente, EU PENSO! Acredito que, além de a mim, isso deva indignar a uma parcela bem significativa da população. O Absolutismo e o Direito Divino foram ultrapassados há tempo demais pra retornarmos à Idade Média, não dá pra jogarmos 800, 900 anos da História Humana fora. 
É preciso que procedamos à reavaliação de toda a nossa história, perscrutando os nossos próprios discursos e diferenciando-os dos discursos que repetimos, como nossos, mas por trás dos quais há outros discursos, em tudo o que nos diz respeito, e onde foram desenhados esses limites. Tá mais do que na hora do Brasileiro tirar esse monte de cortinas da cara, desligar a morfina, e adotar uma postura diferente na vida, de adulto, deletar o capataz, o padre e todas as alegorias de que ele se utiliza para transferir pros outros a culpa pelo que lhe acontece na vida, enfrentando quem ele é, os próprios erros, as próprias culpas, e pra isso, fazer uso de uma capacidade da qual ele ainda não se tocou que tem: PENSAR, PURA E SIMPLESMENTE.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Nem Indie Nem Pop Vol.. 2


Nem indie, nem pop
Eu não quero mais saber
Perguntas que eu não quero ouvir
E nunca mais vou responder
Nem indie, nem pop
Eu não quero mais...mais saber

Andar por esse mundo com o meu violão
E nunca mais me entorpecer
Promessas que eu sempre fiz
E que depois vou esquecer
Nem indie, nem pop
Eu não quero mais...mais saber

Nem indie, nem pop
Eu quero mais! Mais! Mais! Mais! Mais!

Botar os vinis da minha estante
Pra correr
Quem sabe um dia vocês voltem
A fazer por merecer

Nem indie, nem pop
Eu não quero mais...mais saber

Andar nesse mundo com o meu violão
E nunca mais me entorpecer
Traçar meus próprios passos pelo chão
E nunca mais seguir você

Nem indie, nem pop
Eu não quero mais...mais saber

Nem indie, nem pop
Eu quero mais! Mais! Mais! Mais! Mais!

segunda-feira, 23 de março de 2015

A Morte do Autor

O Autor, enquanto pessoa, nada tem a ver com a obra em si, pelo menos não com a obra ficcional. Ele é um mero veículo, para uma realidade paralela, que até pode ter sido engendrada a partir do seu imaginário, enquanto ser humano, porém sem que ele possua a habilidade (ou mesmo o desejo) de definir, fechar a interpretação da obra. Enquanto função, ele é um mero produto (intencionalmente ou não) mercadológico, construído a partir de premissas do Romantismo, em cuja época acreditava-se no valor da escrita como conteúdo unicamente expressivo da personalidade, ou do sentimento de quem a escreveu (como se ainda houvesse algo no mundo sobre o que se escrever, que nunca foi pensado).

O ator do papel fundamental na construção da função-autor é o crítico, que, por sua vez, se esquece de sua impossibilidade de reconstituir fundamentalmente a intenção do autor, nem ao menos para saber se ele obteve êxito quanto ao que se propôs fazer.
O crítico também é um ser humano, com a sua interpretação, pessoal e intransferível. Mas atribui a si próprio uma suposta “isenção” - impossível, pelo que ele já leu sobre o assunto, de outros autores; pelos outros livros que já leu do mesmo autor e pelo próprio conhecimento de mundo - e sai em busca da “congenialidade”, determinado a descobrir a real intenção do autor – engano sobre engano, pois nem ele consegue ser totalmente isento, nem muito menos o autor consegue se expressar sem “citar” terceiros.

Ao tachar a função-autor como “produto mercadológico”, faz-se com base na ideia do “nome” do autor (carregado com as características inerentes à remissão a significados que os leitores experimentam, ao ouvir esse nome).
Essa construção utiliza-se, para ser realizada – restritivamente, como toda definição -, do abandono dos textos, ou das obras que não condizem com a “imagem discursiva” - e psicologizante - que o crítico (ou o mercado) quer construir do autor, pessoa. O que é, literalmente, impossível, pois nenhum autor estabelece o mesmo tipo de discursividade para falar de todos os assuntos de que se quer falar, nem o faria da mesma maneira em épocas diferentes de sua vida. Os assuntos, o conduzir das histórias, os desfechos, a moral das histórias simplesmente não seriam os mesmos.

O lado perverso (e reverso) desta moeda é que os efeitos dessa construção se fazem sentir não somente pelo leitor, mas também pelo autor (pessoa), que pode acabar com a impressão de que “tem um nome a zelar” e se fecha, criativamente, unicamente produzindo “best-sellers” (se for esse o caso), ou pelo menos o que se espera que ele crie, com base na imagem construída. Ou reinventando as próprias histórias, conforme sua concepção de vida mude ao longo dos anos, o que não é menos forçado e, em alguns casos, degradante (de sua obra).

O resgate da catarse (enquanto força atrativa do livro sobre o leitor) provocada pela leitura de um conto ficcional baseia-se, necessariamente, na inexistência, no apagamento – morte - de quem o cria, sob pena de transformar-se a ficção em pura mimese, em representação da realidade.
O comportamento esperado de um autor de ficção, pelo fato de ele se constituir de um veículo para uma realidade alternativa (a do conto) e também por ele não poder falar sobre nenhum assunto novo (que nunca tenha sido pensado), se assemelha ao comportamento do intérprete. É claro que, no caso do autor, há muito mais marcas de sua individualidade autoral, mas elas PRECISAM se restringir ao conteúdo do texto, e não ultrapassá-lo, informando aos leitores no que se baseou para concluir a obra e provocar um possível “fechamento” de sua interpretação. Afinal de contas, a interpretação (e mesmo a obra) NÃO pertencem a ele, pelo menos não após seu lançamento.
 

quarta-feira, 18 de março de 2015

Futuro do Pretérito Imperfeito Mais Que Perfeito

Pensamentos sempre são imperfeitos
A vida é imperfeita
O resto é invenção das nossas cabeças
E o todo é um combinado de desordens.
Que não se completam
E sempre mudam

Não diga que você tem princípios
Isso não existe
Nada acaba e nem sequer começa
Não há inícios nem fins
Liberte-se das suas justificativas
Olhe, crie e empolgue, vista, beba e viva

Tentar não buscar nada
Pensar e não ver
Ver e não pensar
Permitir a si mesmo se perder
E o futuro será sempre imperfeito
Nunca do jeito que você pensou
Mais que perfeito
Apenas diferente

Não existe verdade
Mas você pode compreender
Um pouco do que o mundo tem a te dizer
E só esquecer tudo que aprendeu
E deixar se perder no inconsciente
Não se engane:
Não existem céus nem infernos
Aqui se faz e se paga, chinelos ou ternos
O mal é um meio e o bem um ponto de vista
Agradeça e sorria veja e curta a vida


segunda-feira, 9 de março de 2015

Ainda sobre Fernando Pessoa: Hoje em dia

Como se relacionar com alguém de quem não se apreende a essência, a Vontade (Schopenhauer) – por excelência, algo inapreensível, mesmo depois de muito tempo; podemos dizer conhecer muito de uma pessoa, mas nunca totalmente -, mas sim a Representação que fazemos dela e que também tem sentimentos pelo que não somos (pois faz exatamente o mesmo conosco)? A paixão é a primeira responsável por este desacerto. Ela inebria, ofusca, cega mesmo e, quando nos damos conta, construímos uma imagem “ressignificada” para os seres amados e nos apaixonamos, na realidade, por ela. Algumas vezes, não chegamos nem a conhecer a pessoa real. Outras, tomamos um choque tão grande com a discrepância entre a nossa imagem da pessoa e ela própria, e esse choque deixa um gosto tão amargo na alma, que nos traumatizamos. Nas melhores hipóteses, as duas entidades são diferentes, mas nem tanto, ou de um jeito que nos surpreende sem, contudo, decepcionar realmente, ou a decepção é sutil.

 
Vivemos na sociedade da cultura-mundo que adotou, como mote, o “politicamente correto” e a linearidade. O ser humano mediano do século XXI é, de um modo geral, monótono, entediante, produzido em série, e como se já não bastasse, pedante e blasé. São os “Poetas (fingidores) de Si Próprios” nas redes sociais. Publicam a vida que queriam ter, como se já a tivessem. As aspas no termo “politicamente correto” devem-se à relativização do termo, nos dias atuais. Pois o que se vê é o politicamente correto para o resto da humanidade, menos pra mim. “Eu consigo justificar minhas atitudes, ainda que elas sejam taxadas de incorretas, mas o fulano não, ele merece a morte, a fogueira!!”. Escala dupla de valores é o mote real.

 
Dada essa realidade frustrante, não há mesmo muito como conjugar a imagem que projetamos social e conscientemente com quem nós somos, de fato. A partir disso, quando temos oportunidade, nos liberamos. Como ficamos represados por um bom tempo, quando nos soltamos, nós nos sentimos os reis do Universo – e somos capazes de nos sentir congeniais até com Walt Whitman.

 

A melhor maneira de se evadir desse círculo vicioso é não se questionar muito, para evitar que nos enquadremos nessa “espiral do ego”, tentar “pensar fora dessa caixa”. As pessoas que permanecem sadias não se pensam muito, assim como os Deuses. Todos devem (apesar de a maioria achar que não) ter o direito inalienável de se expor e/ou agir, na vida, de acordo com o que pensam, como são. Sair da padronização dos comportamentos, atitudes e posturas.
Não se defende aqui que as pessoas não devam respeitar os direitos alheios - quem quiser, pode se enquadrar e buscar aceitação como um cachorrinho busca o bando, esse também é um direito inalienável – mas esses devem aceitar que os seres humanos são diferentes e não tentar impor sua conduta, seus parâmetros de comportamento aos demais. Essa consciência é a mais difícil de ser encontrada hoje em dia.

 
Para quem pensa fora dessa caixa, o mundo é um turbilhão – infelizmente, no mau sentido. Para esses, a atitude plausível é “dar uma de louco” ocasionalmente, ou se ausentar do mundo, olhar o Rio da Vida passar, evitando intervenções, com tudo que elas acarretam. São os entediados do mundo (isso inclui quem escreve). Os insolúveis. Não conseguem se misturar ao “Rebanho” (Nietzsche), acham que já viram de tudo no mundo (em alguns casos, estão bem próximos da realidade). Não estão livres de uma pequena depressão fortuita, pelo senso de inadequação, desencaixe. Outros tem o desassossego como algo intrínseco. O questionamento sempre “na ponta da língua”. E vivem muito bem com a ideia de serem diferentes. Se não tiverem fobia de palco, de serem o centro das atenções, passam a vida sem maiores problemas. Em alguns casos, precisam trabalhar “sua excentricidade”, e como ela se encaixa com a fobia de palco. Porque tudo é tão massificado que os diferentes são automaticamente postos em primeiro plano, para que se justifiquem, para depois passarem para o segundo plano, o dos excluídos.

 
A atitude naturalmente decorrente é observar o Rio da Vida passar, sem intervir, e/ou se tornar uma pessoa blasé, embora exista uma diferença entre o blasé convicto por tudo quanto já foi dito, e o blasé empertigado, de foto, que copia um modelo. Falta história de vida no copiador, falta estofo. É só a mania de “fazer o carão”, como se diz, fazer o superior, “A Poderosa”, e jogar um “Beijinho no Ombro”. Muito, mas muito pouca paciência pra isso.
A indiferença é a marca registrada de quem já diagnosticou o modus operandi da humanidade, o “Eterno Retorno” a que se referia Nietzsche. Embora na atualidade, essa indiferença tenha sido apropriada erroneamente pelos copiadores e ressignificada como o “ser blasé”. Mas é só uma casca, afinal de contas, não é nada difícil se fazer de blasé, quando se nada num oceano de senso comum, onde se vive no “stand-by”, só esperando “as novas modas” passarem, para poder copiá-las. Onde o “por que?” serve apenas para dirimir dúvidas de como realizar os processos e poder fazer igual, nunca para imaginar como seria a vida se os mesmos fossem realizados de forma diferente.

 
Porque a adequação e a retroalimentação desse modelo trazem uma falsa ideia de estabilidade, de saciedade, conectada com a vida dentro desse “Panóptico Foucaultiano” do senso comum, do “Rebanho” mencionado por Zaratustra, de Nietzsche. O compasso do Fado, do Tumulto do Mundo, citando Pessoa, é composto basicamente de inutilidades, futilidades, odes ao ego, gente vazia fazendo pose de intelectual, fofocas e afins. Uma hipérbole muito elucidativa sobre qual seria o destino da humanidade, em termos do status quo do futuro, de acordo com o jeito como as coisas andam hoje em dia, é a “Capital” da saga “Jogos Vorazes”. Só a indiferença pretendida por Pessoa, ou o suicídio intelectual é capaz de ajudar na lida com um mundo desses. Anestesiar os sentidos, como fazem os jogadores de xadrez, que se sentam à beira do mundo, com uma garrafa de vinho e só ouvem a guerra e seus horrores, enquanto deliberadamente não se dão conta ou acordo de tomar atitudes. Só jogam xadrez. Ou sentam-se à beira do rio.

Referências:
PESSOA, Fernando e seus heterônimos.
NIETZSCHE, Friedrich. Assim falava Zaratustra.
SCHOPENHAUER, Arthur. O mundo como vontade e representação.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Estou bem?

Você quer saber como estou?
Poderia dizer tristeza, mas é pouco...
Talvez amargura, aflição, agonia
Consternação ou desgosto...
Mas também é pouco

Olhei o dicionário, mas nem ele me socorreu
Talvez possa tentar descrever...
É como se alguém tomasse a cada momento uma dose da pior dor
Sentir múltiplas agressões descompassadas
E ao mesmo tempo uma corrosão ácida incessante.
A garganta fechada para a saliva que está seca
Tudo isso acompanhado de um imenso vazio profundo

Mas tudo isso parece bobo perante as injustiças do mundo
Banal frente a fartos exemplos de desventuras
Mas veja bem!
Almas que deveriam caminhar juntas estão separadas
Amores perfeitos desfeitos, sorrisos calados
Privar o que faz esse mundo valer a pena
Pares que não mais se cuidarão
Sonhos censurados, expressões de carinho proibidas
Uma das maiores paixões de todos os tempos enterrada a sete palmos

Mas vou vivendo e vou seguindo em frente
Sem saber por que acabou tão de repente
Carregado por amigos por caminhos paliativos
Que aumentam a dor e o desespero
Sem saber o que fazer
Sem saber o que dizer
Ainda assim dispensando radicalmente quaisquer tipos de compaixões
Mas precisando urgentemente do seu amor para ser salvo



segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Saudades e Sonhos

Saudades de você, saudade dos seus abraços que ainda não tive
Saudades dos beijos que não provei
Saudades do cheiro que não senti
Acho que já nasci com saudades suas
Esperei você nascer

Sonho em poder fazer você ninar em meus braços
De poder te acariciar e juntar o seu rosto junto ao meu
De poder viajar em seus olhos, te admirando, te descobrindo
Sonho em poder te amar

Sonho em poder compartilhar todas as músicas contigo
Sonho em conhecer seus gostos, suas preferências, seu jeito
De andar de mãos dadas com você por todos os lugares
De poder acordar ao seu lado e poder te desejar um bom dia
De poder te reencontrar ao final do dia e saber como ele foi

Sonho escrever poesias para você
De poder te mimar e te conquistar
Sempre um pouquinho a cada dia, a cada vez
Poder te amar e te fazer completa e poder realizar seus desejos
Sonho em fazer você feliz

Sonho em compartilhar e realizar os seus e os meus sonhos
De viver tudo o que desejamos
De estar contigo nos dias bons e nos dias difíceis
De dar gargalhadas ao seu lado e depois te abraçar
De nos entendermos apenas com uma troca de olhar
Para depois misturamos um ao outro
Sonho em um dia poder chamar de nossos esses sonhos.

Sonho que a força dessa energia quântica que nos liga desde sempre faça-nos presentes
Que possamos criar nosso mundo
Para que enfim possamos evoluir
Para fluirmos a energia desse amor pela logos e pela sephiroth
E que nossas almas sejam companheiras para todo o sempre.