terça-feira, 12 de maio de 2015

Carbono 14


Minha alma não cabe em mim.

Nunca coube, nem onde o meu corpo foi maior do que eu desejava. 

E cabe cada vez menos, com o decorrer dos anos; 
ele não me acompanha, não me comporta, não me encerra.

Às vezes, parece um fardo que eu tenho que carregar, 
uma espécie de paga por estar vivo.

Ah, quem dera não o tivesse !!!

Voar...


Não consigo nem imaginar o que seria poder voar... 

Correr como a própria eletricidade pelos fios...

Sumir, quando me desse na telha... E reaparecer, quando fosse preciso.

Me movimentar por tele transporte... Sem atrito.

Ah... Que vida a de ser guerreiro semideus grego num corpo de coroa quarentão.

Ânsia que não se dissipa, não se concretiza, não age, não some, não muda...

Casca que me prende, me falha, me subverte, me deturpa.

E NÃO me define.

Prisão de carne que me faz enxergar a vida por um buraco de fechadura

Pedra que encerra o fóssil da minha alma

Que só queria não pesar...