
Há algumas décadas atrás, de que adiantava a “Anistia” aos exilados políticos, que detinham a salvação (ou podiam tentar resgatar o pensamento - ou a vontade de estabelecer um debate político engajado, pelo menos) dos que aqui ficaram e se comportaram “nos conformes” da ditadura, quando esses não pensavam mais, já estavam alienados e anestesiados, querendo unicamente comemorar o fim (gradual, ainda não efetivo) da ditadura?
Mas eis que a estratégia se requintou, ao longo desses anos. Decretou-se a “Liberdade de Expressão” (que aqui, foi subvertida por “Libertinagem de Expressão”), responsável pela alienação dos jovens ao longo dos anos, materializada e sistematicamente impingida à população através de fenômenos (?) como a “Jovem Guarda” (diacronicamente falando) e se refinando através das décadas, com vários outros estilos musicais (afinal, desde quando falar de amor e sexo edificou a consciência política, ou mesmo o pensamento de alguém? – por aí, pode-se ver que estilos são esses).
E esse mesmo povo, constatando a ausência do “capataz”, do “chefe”, que manda mas provê - no caso do Brasil, não provê -, recorre aos ópios – futebol e religião. Por enquanto, a concentração de ex-jogadores de futebol ainda é pouca (a maioria deles ainda não se tocou de que a política pode ser um bom passatempo, na aposentadoria – também, com o dinheiro que já ganham só por mexer com os pés, se ainda pensassem, seriam os donos do mundo, e extinguiriam o resto da raça humana!!).
Quanto aos sacerdotes, os que melhor souberem aproveitar a “culpa cristã internalizada” e a falta de formação (cerebral, mental, identitária) do brasileiro vão abocanhar uma fatia cada vez maior das pessoas – a velocidade de crescimento de certas religiões é absolutamente espantosa, sempre em torno de fatores como: a existência de regiões de mais baixa renda, onde a vida é mais difícil; a possibilidade de isenção de imposto de renda para doações, no caso dos mais abastados; e ainda no caso destes, como possibilidade de investimento e retorno financeiro, ao se tornarem sacerdotes - , que precisam, necessitam de um “padre”, de um limitador, de um teto para o seu pensar.
Aliados a isso, há ainda outros fatores, como por exemplo: a inconfiabilidade da tradição oral associada à sua história e, consequentemente, o fato de os registros escritos utilizados para a Bíblia serem facilmente distorcíveis, a manutenção do status quo, a conservação do poder nas mãos dos mais ricos, as dificuldades da tradução, bem como o método utilizado pelos tradutores. E então... Hoje em dia encontra-se a Bíblia como um dos primeiros e o mais importante romance (na medida em que constitui uma obra de ficção, contando histórias da vida de Jesus e seus contemporâneos) da história da Humanidade.
O problema real é transformar o “padre” (querendo dizer com isso, o sacerdote, não importando de qual religião ele seja) e o “capataz”, numa única figura humana. Ele seria o próprio Deus, só que com os atributos, erros de julgamento, ideias pré-concebidas, capacidade de discriminação e atribuição de rótulos de qualquer ser humano. Isso só ficou bom, interessante, nas lendas da mitologia grega. Mas vivemos na realidade e, definitivamente, EU PENSO! Acredito que, além de a mim, isso deva indignar a uma parcela bem significativa da população. O Absolutismo e o Direito Divino foram ultrapassados há tempo demais pra retornarmos à Idade Média, não dá pra jogarmos 800, 900 anos da História Humana fora.
É preciso que procedamos à reavaliação de toda a nossa história, perscrutando os nossos próprios discursos e diferenciando-os dos discursos que repetimos, como nossos, mas por trás dos quais há outros discursos, em tudo o que nos diz respeito, e onde foram desenhados esses limites. Tá mais do que na hora do Brasileiro tirar esse monte de cortinas da cara, desligar a morfina, e adotar uma postura diferente na vida, de adulto, deletar o capataz, o padre e todas as alegorias de que ele se utiliza para transferir pros outros a culpa pelo que lhe acontece na vida, enfrentando quem ele é, os próprios erros, as próprias culpas, e pra isso, fazer uso de uma capacidade da qual ele ainda não se tocou que tem: PENSAR, PURA E SIMPLESMENTE.
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